Área desmatada ao longo da BR-317, no Acre |
Vira e mexe alguém diz:
“Por que esses gringos, que destruíram todas as suas florestas, vêm dar palpite aqui no Brasil?”
Ou então diz assim:
“Querem colocar a natureza acima das pessoas!”
“Estão perseguindo os produtores de alimentos!”
A proposta de alteração do Código Florestal tramitando no Congresso Nacional propõe anistiar desmatadores de suas multas e da obrigação de recompor as florestas, além de reduzir as áreas de preservação permanente. Será que isso é razoável? Mostramos aqui que o brasileiro já desmatou além da conta, e que nossos melhores esforços para conservar a floresta serão ainda insuficientes.
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Taxas de Desmatamento na Amazônia Legal (PRODES) |
As taxas crescentes de desmatamento de 2000 a 2004 foram fortemente reduzidas até 2007, com um suave recrudescimento de 2007 para 2008, e novas quedas (suaves) em 2009 e 2010. Quando analisamos esses dados, temos a impressão de que as coisas vão bem. Entretanto, a manutenção da taxa de 2008 por mais oito anos resultaria na perda de mais um Portugal, ou uma Coréia do Sul, de florestas.
Com a mesma área para o país inteiro, a Coréia do Sul, um país que estava na absoluta pobreza nos anos 60, tem um IDH (2006) de 0,928 (25º, elevado), expectativa de vida de 78,6 anos (34º), mortalidade infantil de 4,1 por mil nascimentos (186º), e alfabetização 99% (18º) dos seus 50 milhões de habitantes. A Coréia do Sul tem duas vezes a população da Amazônia. E, enquanto nos vendem até carros de marcas locais, a Coréia do Sul tem 63% das terras cobertas por florestas[1].A diferença foi que os coreanos investiram mais nas pessoas e do que em derrubar florestas.
Com a mesma área para o país inteiro, a Coréia do Sul, um país que estava na absoluta pobreza nos anos 60, tem um IDH (2006) de 0,928 (25º, elevado), expectativa de vida de 78,6 anos (34º), mortalidade infantil de 4,1 por mil nascimentos (186º), e alfabetização 99% (18º) dos seus 50 milhões de habitantes. A Coréia do Sul tem duas vezes a população da Amazônia. E, enquanto nos vendem até carros de marcas locais, a Coréia do Sul tem 63% das terras cobertas por florestas[1].A diferença foi que os coreanos investiram mais nas pessoas e do que em derrubar florestas.
Um exercício preliminar invertendo o indicador (em vez de focar nas florestas, focar na área desmatada) pode iluminar melhor a questão da perda de florestas. A tabela a seguir mostra alguns países para ilustrar uma forma diferente de ver a questão.
Enquanto o Brasil ainda detém a maior floresta tropical do planeta, quando comparamos a área não florestal (ANF) per capita do Brasil com a de alguns países desenvolvidos e em desenvolvimento, verificamos que só Peru e EUA superam o Brasil.
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Em termos dos benefícios que essa área sem florestas gera (PIB), a área não florestal por dólar de PIB do Brasil é mais de três vezes a área não florestal por dólar de PIB da Alemanha ou do Reino Unido, e cerca de 4 vezes a dos EUA ou da Malásia. Somos tão eficientes quanto Colômbia e Peru, mas considere as áreas montanhosas desses países (ou desérticas, no caso do Peru e dos EUA), e a ineficiência do Brasil fica mais clara.
Esses dados mostram que já desmatamos demais, e que deveríamos poder fazer mais com as áreas não florestais que já temos à disposição. Simplista? Talvez. Mas dá o que pensar, não?
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