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Base no Parque Nacional do Jaú |
Alguns exemplos:
Uma base para sede de UC na
Amazônia = 500 e 800 mil reais para implementar = pelo menos 75 mil reais/ano
para manter (15% de manutenção, para pintar, trocar telhas, fazer reparos).
1 base = 1 ponto de vigilância
patrimonial = 120 mil reais/ano
Tome esse custo no contexto do
Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), com mais de 60 UCs apoiadas no
momento...
1 base = 120 mil + 75 mil = 195
mil
60 bases = 11,7 milhões de reais/ano
só para manter patrimônio
O ARPA adotou, talvez por isso, dois níveis de consolidação,
um com base e outro sem base para sede da UC. Isso é importante pois o ARPA é
um dos poucos programas que não se preocupa só com implementar, mas também com
o manter. Uma das estratégias do ARPA para pagar por manutenção é o Fundo de
Áreas Protegidas (FAP). O FAP é um fundo fiduciário de capitalização permanente,
administrado por uma ONG, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
Esse tipo de fundo tem um capital principal cuja função é, por meio de
investimentos, se manter e gerar rendimentos adicionais para custear os seus
objetivos, no caso, a manutenção das UCs do ARPA. Se o FAP tiver um bom
rendimento, deve conseguir uns 5% sobre o seu capital, cuja meta inicial do
ARPA era 240 milhões de dólares, no câmbio de hoje, cerca de 400 milhões de
reais. Isso quer dizer que cada um real
de despesa anual gera, para o FAP, uma demanda de 20 reais de capital para
gerar esse rendimento. Tomando o caso das 60 bases das UCs que o ARPA apóia, se
fossem construídas, elas gerariam, sozinhas, uma demanda de 234 milhões, ou
mais da metade do fundo projetado, apenas para pagar por consertos e colocar
guardas vigiando o patrimônio.
Mas o ARPA tem somente 32 milhões de hectares já apoiados e
sua meta é de 60 milhões de hectares. Minha estimativa é que o ARPA vá precisar
apoiar 130 UCs, pelo menos, para cumprir sua meta. Então, se todas as UCs
fossem apoiadas com bases para as sedes, seriam necessários 25 milhões de reais
por ano, e lá se foi o FAP, inteirinho para a manutenção e guarda do
patrimônio, que precisaria de 507 milhões de reais de capital principal.
Exemplos desse tipo de implicações do modelo de gestão de
UCs para os custos futuros do SNUC podem ser mencionados para o plano de
manejo, conselhos gestores, equipamentos, demarcação, entre outros. Implementar
é fácil. Difícil é pagar pela manutenção.
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